Eu não sei ao certo o
que me deu, mas de repente me bateu uma saudade súbita de mim mesma.
Sabe aqueles dias que
você se dá conta de que tem algo fora do lugar? Ou pior que você encontra-se em
qualquer lugar fora de você mesma?
Outro dia estava
discutindo com uma amiga uma tira que falava justamente isso: “Tem dias que dá
vontade de tirar férias de mim mesma”. E
quando acontece o contrário? Como faz?
Ajuda se eu gritar?
Hoje eu danço no meio
da rua.
Hoje eu canto e alto.
Hoje eu dou o meu
melhor sorriso para quem acabou de passar ao meu lado e que nunca ousou saber a
minha existência.
Hoje eu falo com o desconhecido
pela grande probabilidade do mundo dele ser tão interessante que mesmo poucas palavras
seriam de grande enriquecimento na minha alma.
Hoje eu danço
flamenco.
Hoje eu deixei a
poesia se engrandecer dentro de mim e de uma forma ou de outra ela me trouxe de
volta.
Hoje timidamente resgato-me
de mim mesma.
Coisa doida esse
negócio de não se reconhecer.
De repente e por
algum motivo você deixa as pessoas entrarem e bagunçarem com tudo o que você
conhece e te satisfaz com você mesma.
Passa o tempo e você
percebe que essas transeuntes foram, mas deixou um rastro sujo em que seus
valores foram questionados, seu sorriso ficou meio torto, a sua dança está
descompassada, a sua liberdade de sentimentos está tão presa que você só tem uma
vaga lembrança de que algum dia ela existiu. Até a escrita está estranha.
Agora, eu me deparo
comigo mesma tentando um retorno, porque constato que não existe nada nessa vida
que valha a pena tirar a autenticidade do seu mundo.
E agora vai um relato
de mim mesma dentro do meu próprio Eu:
“Bom mesmo é voltar
pra casa depois de um dia de chuva, uma poesia e um mundo inteiro explodindo
dentro de você”.
por Mariana Sobreira em 17 de maio de 2012.